8 de dezembro de 2009

Don't look back in anger

Uma das coisas estranhas num intercâmbio é como o nosso dia pode mudar com situações que passariam quase despercebidas numa rotina normal. Quando que, no Brasil, conversar na escola com alguém que parecia realmente interessado no que eu tinha a dizer poderia praticamente curar a gripe que estava chegando, tirar meu frio, passar a dor de cabeça, acabar com o sono, me fazer prestar atenção na aula, levantar o astral e ainda me dar vontade de passear pela cidade?!
Tristeza, alegria, amor e todos os demais sentimentos humanos têm por base o mesmo princípio: se nos deixamos levar, chegamos a um ápice no qual mente e corpo invertem seus papéis. O corpo começa a sentir fisicamente as emoções, a mente passa a estar nos sentidos. E é por isso que esses estados de espírito fascinam: pelo fato de nos proporcionarem uma liberdade rara de se ter, pois tanto mente quanto corpo não estão mais sob o nosso domínio.
Talvez o que a tal da maconha queira é imitar isso, exacerbar as emoções a tal ponto sem precisar viver para consegui-las. Pois já me encontrei em cada estado que me perguntava se não havia fumado alguma coisa sem saber...
E hoje, foi a vez de uma "viagem" alegre. Saí da escola e não andava, flutuava. O sol brilhando, nem lembrava a chuva de ontem. Aquele ventinho frio no rosto, a cidade que eu por um mês me havia esquecido de como era bonita. O país que eu aprendi a amar, a nova pessoa que eu havia me tornado. E, nos fones de ouvido, um indivíduo cantava "so Sally can wait" a plenos pulmões. Bom, a Sally vai esperar, mas eu não. Esse ano vai dar certo, e sou eu que vou fazer isso. O francês começa realmente a fazer sentido, assim como a matemática e os suíços. Não há nada que me impeça agora.